Que
somos governados por um bando de incompetentes, corruptos, seres
inaptos e completamente nulos culturalmente, que nem arte tiveram na
sua maioria para conseguir uma formação académica sem recorrer a
esquemas e compadrios, já todos nós sabemos, ou pelo menos
deveriamos ter uma ideia.
Mas
lá está, não é novidade. É assim desde o final da década de 70
do século passado, mais, até me arriscaria a dizer que é assim,
desde o famoso 25 de Abril de 1974.
Qual
é a grande diferença então?! O dinheiro. O malfadado e tão
imprescíndivel tostão que nos permite tocar a nossa vidinha para a
frente, não passar fome, ter aquela falsa sensação de conforto e
no caso de alguns ter uma vida boa com recurso aos grandes avanços
tecnológicos da nossa era. Pois é, até aos últimos anos, ninguém,
ou para ser mais correcto muito poucos, se preocuparam com o que a
“nossa” classe política de mentecaptos andava a fazer, e
deram-lhe rédea solta, carta branca, um chequezito assinado em
branco em cada eleição... Pois, pensavam que era um boletim de
voto, não, não, era um enorme cheque colectivo, assinadito em
branco por todos nós e que a dita da classe politico-poucochinha,
aproveitou da melhor maneira, e foi como dizia o cronista, á muito,
muito tempo, “fartar vilanagem”... Mas aí poucos se importaram,
havia aumentos/actualizações de salários todos os anos, horas
extraordinárias em barda, subsídios para toda a gente, lugares na
função pública para irmãos e irmãs, primos, tios e sobrinhos,
havia ainda o Néné, o Figo e o Rui Costa (hoje temos o
Cristiano e anda triste), o Euro, os estádios, as
autoestradas, as Capitais da Cultura e as Expos, universidades para
todos, carros, casas, créditos e telemóveis em abundância, que
começavam no analfabeto da aldeia perdida na Beira e acabavam no
cirurgião de renome internacional com consultório na Av. da
Liberdade em Lisboa. Foram anos e anos de um facilismo podre, um
conto de fadas enganador, os bancos davam tudo, tudo era virado para
o consumo, para a massificação. E os ladrões a meter ao bolso,
PPP's, concessões a amigos, fraudes no mercado imobiliário,
privatizações... Quer se goste quer não, este é o Portugal dos
últimos 35 anos. Quer se goste quer não, todos, por inércia,
estupidez, falta de educação política, cívica e democrática
permitimos que isto que se vê hoje, que isto que tanta indignação
causa hoje, chegasse ao que chegou. E permitimo-lo com o real
traseiro sentado na poltrona a assistir de camarote!
Não
é desculpa para o que estes atrasados mentais que nos governam estão
a fazer ao país, pois não, o povo podia ter sido na mesma ignorante
e estúpido e ter tido a sorte de apanhar políticos honestos... mas
isso raramente acontece, porque a classe política, é de um modo
geral o espelho do seu povo. Mas o interessante é ver que esta
história do espelho já não interessa tanto falar-se dela, acho que
fere algumas susceptibilidades (é só um feeling que eu
tenho)... será consciência pesada! Será por toda a gente
saber de um modo geral que o outro que está ao nosso lado tenta
fugir aos impostos sempre que pode; será que temos plena consciência
que temos de facto um grave problema de produtividade, porque muita
gente passa um terço do seu dia de trabalho em ocupações que
digamos, não está a ser paga para as fazer; ou ainda a velha
questão das cunhas, compadrios e luvas, que todos sabemos que
acontecem por todo lado, mas que quando nos toca a nós, rapidamente
esquecemos o quão obscena nos parece a ideia para abraçarmos a
causa com todas as nossas forças, mesmo que isso lixe (com F
grande) a bom lixar, o tipo que esteve no concurso ao nosso lado
e que só por acaso é vinte vezes melhor e mais competente que
nós...
Pois
é... espero ao menos que tenham consciência que por essas ruas e
praças por onde se espraiam as manifestações, legitimamente
indignadas, toda esta dura realidade que acabo de esplanar está lá
de braço dado, punho erguido, cartaz cheio de piadolas sentidas e
duras, verdadeiras, críticas aos nossos governantes, a desfilar , a
sentir-se única, poderosa, invencível... e eu acho muito bem que
assim seja, desde que exista lá no meio a tal consciência! (mas
tenho as minhas dúvidas)
NÃO
HÁ ALMOÇOS DE BORLA, já o dizia alguém, de um modo ou de outro
eles vão ter de ser pagos, e normalmente a factura vem quando dói
mais (além de que costuma ser por trás). A entrada
para a moeda única teve um preço, alguém se lembrou na altura de
perguntar quanto é que ia custar a “lagosta suada” que durante
estes anos andamos a comer? Não me lembro de ter visto manifestações
na rua, quando os patriarcas da democracia deste país traçaram o
rumo e o nosso destino ao longo das últimas décadas em políticas
europeias de agricultura, pescas, industrias de produção e
transformação perfeitamente ignóbeis e destruidoras?! O
facilitismo, o chico-espertismo, o que se lixe, recebo o meu ao final
do mês, tenho a minha vidinha feita, eles que façam o que quiserem
com o (meu) dinheiro dos impostos. Aliás, penso que não andarei
muito longe da verdade, infelizmente, se disser que provavelmente
poucas pessoas têm consciência de que o dinheirito que os políticos
utilizam no dia a dia provém de todos nós! Pois só assim consigo
perceber aquilo que é, aquilo que foi, o alheamento das pessoas em
relação á vida política. Só assim consigo ter um laivo de
desculpa para o que têm sido os episódios de exercício democrático
neste país, em que serão mais as semelhanças com o mercado
municipal ás Quartas do que com um regime de governação sério.
Durante a nossa existência democrática o que se fez foi votar em
quem dava mais, em quem prometia mais, até em quem tinha mais sex
apeal, tal como nas bancas dos ciganos das praças e mercados,
escolhemos aquele que tem mais lábia, o que fala melhor, aquele que
tem os preços mais baixos, mesmo que se saiba que a mercadoria é
roubada, que existem empresas que dão postos de trabalho que são
lesadas com isso, mas mesmo assim, a clientela fiel lá está. O
nosso sistema democrático é assim, na sua mais perfeita
caricatura... anedótico!
Tão
anedótico que recentemente tivemos o caso da substituição da frota
automóvel da bancada parlamentar do PS, onde um tipo de nome
Zorrinho (acho hilariante), diz básicamente (versão livre
e traduzida!) - meus amigos se querem democracia, têm de arcar
com os custos. Democracia é isto, eu ter motorista e andar de Audi,
porque não vão querer que ande de Clio... É preciso dizer mais
alguma coisa... pois, também achei que não!
Resumindo
toda a gente sabe que os políticos são corruptos, toda a gente sabe
que eles nos roubam, mas nada se faz, esperamos as licitações
democráticas, escolhemos o meio termo entre as promessas de tirar
menos e as mentiras de dar umas migalhas, e democraticamente elegemos
as nossas cores... nada se faz, excepto, quando nos vão aos bolsos.
Quando mexem no nosso sacrosanto ganha pão, nesse deus mundial do
trabalho e da (in)justa remuneração do oprimido trabalhador pelo
patronato malvado (Marx estaria orgulhoso), aí pára
tudo! Alto e pára a feira...
Ele
são os movimentos cívicos (acho que agora está na moda dizer
apartidários, mas depois os cromos do costume andam lá na mesma a
mandar umas bocas); ele é a esquerda toda de bandeira
vermelha e t-shirt Che Guevara, que a maior parte da miudagem (aquela
que milita nos J's e grita alto Fascismo nunca mais 25/4 sempre, em
que a coisa mais inteligente que alguma vez pensaram foi na diferença
entre a Super Bock e a Sagres numa noite de sábado no Bairro e alto
lá...) pensa que era um tipo porreiro (pá) que aparece
numas fotos a fumar uns charutos e que devia ser hippie e ter uma
plantação de algo ilegal que dava altas “mocas”; uma infinidade
de gente indignada, com razão, mas que só o é porque de repente,
sentiram o chão a fugir debaixo dos pés, que é como quem diz viram
um Coelho a ir ao fundo dos seus bolsos e rapar pouco que restava.
Não,
infelizmente não houve uma mudança em Portugal, se as imposições,
a tal factura, dos tais almoços que andámos a comer de borla (os de
lagosta para alguns), que falava lá atrás, durante a últimas
décadas, não tivesse chegado, tudo estaria igual ao de sempre. Mas
agora há coisas a pagar, coisas que não podemos pagar e como os
políticos são iguais aos chico-espertos que os elegeram, estão a
fugir e a carregar de impostos e taxas naqueles que andaram iludidos
durante todo este tempo. Então saímos para a rua e de repente o
engraçado sr. Coelho, que á um ano e pouco foi heroica e
democraticamente eleito esta prestes a virar coelho frito, e o sr.
velhinho simpático que come bolo rei de boca aberta e diz que é
presidente, também está pronto para o linchamento... E eu confesso
que iria apreciar a coisa, se na mesma leva de fusilamentos
franquistas, fossem os Soares e Sampaios, Socrates e Guterres, Louçãs
e Jerónimos, Freitas e Portas e o resto da camarilha mafiosa. Mas
depois penso, se assim fosse, será que 60% da população portuguesa
se ia entregar voluntariamente para serem abatidos numa qualquer
praça de touros. É que na minha maneira de ver as coisas, tão
culpado é o que rouba, como o que manda roubar, como o que acendeu
os holofotes, desenrolou o tapete vermelho e se sentou a ver o
espectáculo...
É
que estes bandidos estão a roubar-me, mas “eu”(um eu muito
magestático entenda-se), além de os ter escolhido para me
assaltar ainda me estive a lixar para o que esses gatunos andaram a
fazer com o meu dinheiro ao longo de décadas. Agora que me foram ao
dito, assim mais á bruta, qual é a minha moral para lhes chamar
ladrões?!
Dizem
– Portugal mudou depois do dia 15 de Setembro de 2012 – e eu
penso, não sejam estúpidos por favor... ou então pelo menos não
insultem a inteligência de quem usa a cabeça para um pouco mais que
futebol, telenovelas e casa dos segredos. Nada mudou, apenas houve
uma reacção a um conjunto de medidas idiotas, que conseguiu
arrancar as pessoas á sua tradicional letargia cívica. Se amanhã
este governo cair e o chupista do Seguro vier prometer mundos e
fundos (que não tem, nem pode), o pessoal, aquele
mesmo que mudou no passado dia 15, vai tudo a correr passar o tal
cheque em branco, desculpem, por a cruz no boletim e elege-lo com
mais de 30% dos votos...
Porque
para que os políticos mudem, é preciso que primeiro mudem as
pessoas, que evoluam, que se cultivem, que cresçam civicamente e
olhem á volta com olhos de ver, para perceberem que se remarem para
o mesmo lado conscientes das escolhas que fazem talvez cheguem a
algum lado. Mas isso é uma mudança que demora mais do que por as
contas do país na ordem, é uma mudança de mentalidades!
Clap, Clap, Clap, Clap, Clap, Clap, Clap, Clap, Clap, Clap, Clap, Clap, Clap, Clap, Clap, Clap, Clap, Clap, Clap, Clap, Clap, Clap, Clap, Clap, Clap, Clap, Clap, Clap, Clap, Clap, Clap, Clap, Clap, Clap, Clap, Clap, Clap, Clap, Clap, etc...
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