sábado, 11 de agosto de 2012

sanctum sanctorum?!


    Que existem coisas estranhas, todos nós sabemos. Que em Portugal pouco ou nada se liga à cultura e ao património também não é novidade, mas existem limites... ou pelo menos assim o pensava eu...
    No centro da cidade de Tomar, junto ao parque da cidade, ao rio Nabão e a uma grande unidade hoteleira, no largo Cândido dos Reis, existe uma pequena ermida (ou capela) consagrada a S. Gregório Nazianzeno (um dos santos doutores da Santa Madre Igreja, que viveu no século IV e “provou” a divindade de Jesus).
    Esta ermida, quinhentista, de planta octogonal, circundada por uma galilé em semi-circulo e com um interessante, embora modesto, portal manuelino, encontra-se como milhares de outras pelo país fora, de portas fechadas.
    O pequeno templo nada tem de especial, uma arquitectura curiosa mas não única, um interior despido, com excepção da imagem de S. Gregório no altar e de uns painéis de azulejos do século XVIII que até são originários do antigo Convento das Trinas de Lisboa.
    Por curiosidade apenas, tentei saber se haveria possibilidade de entrar na ermida. E havia!
    Ali perto existem uns sanitários públicos que têm um funcionário camarário lá destacado, que além de zelar por esse seu posto, é o fiel guardião das chaves da Ermida de S. Gregório... é esta a informação que é fornecida, até mesmo na internet.
    Percebe-se... estamos perante uma racional gestão de recursos humanos. Mas pergunto-me, não poderia estar o funcionário destacado na ermida com as chaves dos sanitários públicos em vez do contrário. Não sei, mas parece-me a mim que a imagem que se transmite, até para o turista, seria mais correcta desta forma... mais lógica. Vergamos as “necessidades” ao património, à cultura e não o inverso.
    Se neste caso que agora ilustro, a importância não será gritante, já noutros não será bem assim. Por este país fora muitos monumentos, alguns deles de cariz único no nosso país e mesmo na Europa, encontram-se em circunstâncias análogas. Ou seja o mau é que do caricato ou da excepção se faça regra... mas normalmente por cá é isso que temos!